Conheça a energia maremotriz, uma fonte limpa e sustentável que tem potencial para mudar a matriz energética do Brasil e do mundo | Bulbe Energia

A energia maremotriz é uma forma de energia renovável gerada a partir do movimento das águas do mar, seja pelo desnível das marés ou pelas correntes marítimas. Esse processo envolve o uso de turbinas para converter a energia mecânica das águas em energia elétrica, de maneira semelhante às usinas hidrelétricas. 

No caso das marés, barragens e diques são construídos para capturar e armazenar água, que passa por turbinas durante a alta e a baixa maré. Nas correntes oceânicas, as turbinas são instaladas no fundo do mar, aproveitando o movimento das massas de água para gerar eletricidade. Para saber mais sobre esse processo, continue neste artigo!

Como a maremotriz é gerada?

O movimento das marés, que aumenta e diminui o nível das águas do oceano, é capaz de gerar energia cinética. Essa energia é captada por meio de barragens ou turbinas submersas, que utilizam o movimento da água para alimentar seus geradores e transformar a energia cinética em energia elétrica.

Para que a energia das marés seja captada de forma eficiente, são necessários, pelo menos, 7 metros de profundidade e condições topográficas específicas.

Quais são os impactos ambientais da energia maremotriz?

A energia maremotriz é gerada a partir de uma fonte renovável, a água do mar, e não produz nenhum tipo de gás poluente durante a sua produção. Portanto, é uma fonte de energia limpa.

Dessa forma, os impactos ambientais dessa energia sustentável são mínimos, especialmente em comparação com outras fontes de energia não renováveis. Os únicos impactos são causados pela instalação das barragens ou turbinas no oceano, que podem afetar a vida marinha local.

Quais são as vantagens da energia maremotriz?

Naturalmente, o principal benefício da energia maremotriz está ligado ao fator sustentabilidade, uma vez que se trata de uma fonte inesgotável e que não libera gases poluentes.

Além disso, é possível citar que a produtividade das usinas não depende do clima, como acontece com a energia solar ou eólica. Apesar de possuírem um caráter intermitente (no caso das marés, as variações acontecem a cada 12 horas), o cálculo das oscilações depende de uma quantidade menor de variáveis do que a incidência solar.

Quais são as desvantagens da energia maremotriz?

O grande desafio que cerca a utilização acessível da energia maremotriz é geográfico. Como as usinas dependem de desníveis superiores a 7 metros para funcionar, suas instalações ficam restritas a poucos locais que possuem as características propícias.

Essas regiões, por sua vez, serão afetadas pela construção de barragens. Ainda que os efeitos sejam menos expressivos do que aqueles que acompanham as usinas hidrelétricas, existe o risco de a fauna e a flora sofrerem com as modificações do ecossistema.

Para completar, a combinação entre o baixo aproveitamento energético e altos investimentos também pesa contra essa fonte. 

Por mais que muitos pesquisadores já estejam estudando alternativas que aumentem a capacidade de produção, o valor dos equipamentos é largamente influenciado pelo uso de materiais que resistem à corrosão provocada pela água salgada.

Em entrevista concedida ao Uol, Gustavo Assi, professor de Engenharia Naval da USP, revelou que cada quilowatt (kW) instalado custava em torno de 4.400 euros. Isso significa que o custo para gerar 1 megawatt (MW) seria superior a 4 milhões de euros, enquanto a usina de Itaipu alcançaria a mesma marca pela metade do valor.

No entanto, o próprio Assi defende que algumas desvantagens devem ficar em segundo plano para avaliarmos os benefícios a longo prazo. 

Uma das saídas que contorna os pontos negativos é a alimentação de instalações offshore (em alto mar) de petróleo e gás com essas turbinas, substituindo a queima de combustíveis fósseis por uma fonte limpa e sustentável que depende apenas do mar.

Qual é a diferença entre ondomotriz e maremotriz?

Tanto a energia ondomotriz quanto a maremotriz são provenientes do oceano, no entanto, apresentam diferenças essenciais.

Enquanto a energia maremotriz é gerada pelo movimento das marés, a energia renovável ondomotriz é produzida pelo movimento das ondas do mar. Para captar a energia ondomotriz, é necessário instalar bases flutuantes que se movem com as ondas.

Origem e avanços da energia maremotriz

Usar a força dos oceanos como fonte energética não é uma ideia nova. Versões primitivas da energia maremotriz são usadas na movimentação de pequenos moinhos em alguns países europeus, como a França, desde o século XI.

Na década de 1960, os franceses executaram o primeiro grande projeto de energia maremotriz com a construção de uma barragem no Rio Rance. Esse é o mesmo sistema que vem sendo usado, pontualmente, no Japão, na Coreia do Sul, na Inglaterra e nos Estados Unidos.

Entretanto, graças à evolução dos equipamentos, 2021 deve ficar marcado como o ano em que foi lançada a maior turbina flutuante do mundo. Uma opção que, segundo os cientistas envolvidos, pode substituir o sistema de barragens por uma solução mais prática e barata.

O modelo, projetado pela empresa escocesa Orbital Marine Power, tem capacidade para atender aproximadamente 2.000 residências no Reino Unido, evitando assim a emissão anual de 2.200 toneladas de gás carbônico (CO2).

Onde a energia maremotriz está sendo utilizada?

Por ser uma tecnologia inovadora e limitada a países com acesso ao mar, a energia maremotriz ainda não é amplamente utilizada no mundo. 

No entanto, existem alguns casos de países que a utilizam e desfrutam dos seus inúmeros benefícios. Alguns desses casos são: 

  • Sihwa (Coreia do Sul): maior usina para captação da energia das marés no mundo, a Sihwa utiliza um sistema inovador de inundação, que capta os diferentes níveis da água entre o mar e um lago artificial; 
  • Rance (França): esta usina possui 24 turbinas que aproveitam os desníveis da água entre o canal da mancha e o rio. A instalação produz 500 ghW de eletricidade por ano; 
  • Jiangxia (China): a usina chinesa é inovadora no mundo todo, pois gera energia solar com energia das marés. 

Por que o Brasil não investe em energia maremotriz?

Se pensarmos na geração de energia maremotriz por meio de barragens, as localidades com maior potencial estão nas regiões Norte e Nordeste do Brasil por conta dos desníveis de maré superiores a 7 metros. Em 2012, no Ceará, também foi instalado um projeto-piloto no Porto do Pecém. O objetivo dessa usina, financiada pela Tractebel Energia em parceria com o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), seria gerar energia suficiente para abastecer o próprio porto.

De acordo com uma reportagem publicada pelo jornal O Globo, em 2014, o projeto foi abandonado após fim do contrato de pesquisa com a Tractebel, sob alegações de que o protótipo necessitava de melhorias tecnológicas.

O grupo ensaiou uma retomada em 2017, mas as obras de expansão que estavam sendo realizadas no Porto do Pecém contribuíram para o seu abandono completo. Atualmente, a proposta é instalar um novo protótipo no litoral do Rio de Janeiro.

Por um lado, essa notícia deixa claro que a energia maremotriz precisa percorrer um longo caminho antes de ser uma realidade no Brasil. Por outro, no entanto, a expansão dos estudos para o Sudeste sugere que outras regiões também poderão aproveitar a energia das marés no futuro.

Nosso país possui por volta de 8 mil quilômetros de litoral. Um artigo publicado pela USP estima que, com a diminuição dos custos e o avanço da tecnologia, o Brasil teria potencial para gerar 87 gigawatts (GW) de energia por meio de usinas movidas por ondas. 

Caso 20% desse montante fosse convertido em energia elétrica, alcançaríamos o equivalente a “17% da capacidade total instalada no país”.

Em outras palavras, os principais motivos pelos quais a energia maremotriz ainda não é explorada pelo Brasil são:

  • abundância de recursos renováveis: o país possui uma abundância em fontes de energia, como a energia solar, eólica e hidrelétrica. Nos últimos anos, essas fontes foram prioridade, deixando pouco espaço para a energia das marés; 
  • impactos ambientais: ainda faltam estudos sobre os impactos da energia maremotriz na vida marinha local. Assim, conseguir uma licença ambiental para a instalação de um projeto de captação pode ser um processo complexo; 
  • limitações geográficas: nem toda a costa brasileira é propícia para a captação da energia das marés. Os locais onde essa fonte energética poderia ser explorada são limitados, dificultando a sua adoção; 
  • falta de investimento: atualmente, não existem programas públicos de investimento ou incentivo à exploração da energia maremotriz. O foco das políticas públicas está em outras fontes limpas, como a energia solar e hidrelétrica.

Por fim, a energia maremotriz tem capacidade para transformar a matriz energética brasileira no futuro. Trabalhando em conjunto com outras fontes renováveis que recebem cada vez mais investimento, ela reduziria o uso das termelétricas, permitindo-nos construir uma sociedade adaptada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

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