Fique por dentro do conceito de robótica, suas utilidades na indústria e seu papel no futuro da nossa sociedade.

Tempo de leitura: 8 minutos.

Graças às constantes inovações tecnológicas, já faz algum tempo que a robótica – antes restrita à ficção científica – tornou-se um pilar da sociedade em que vivemos.

Mais do que isso: a robótica é um diferencial competitivo que movimenta o mercado por meio do aumento na produtividade, da otimização inteligente de processos e do surgimento de novas oportunidades de negócio. Uma área que está transformando o cenário global e tem potencial para muito mais.

Tanto que o Boston Consulting Group projetou, em 2014, que os gastos globais relacionados a esse tipo de tecnologia chegariam à  marca dos 67 bilhões de dólares em 2025. Três anos depois, considerando o crescimento da demanda de consumidores finais, o mesmo grupo corrigiu o valor para 87 bilhões.

De acordo com uma matéria publicada na Gazeta do Povo, as vantagens oferecidas pela inclusão da robótica em ambientes produtivos, como indústrias e comércios, “deve provocar um acréscimo de 15,7 trilhões de dólares no PIB global até 2030”. Assim, os demais setores acompanham essa evolução.

Você sabe do que se trata a robótica e como ela pode ser utilizada em sua empresa?

O Conceito de Robótica

Robótica nas Empresas

Resumidamente, a robótica é uma ciência relacionada ao desenvolvimento de robôs e todas as tecnologias necessárias para o funcionamento efetivo deles.

O termo em si, curiosamente, foi criado por Isaac Asimov, bioquímico e escritor de ficção científica, no conto O Mentiroso. Ele baseou seu conceito na crença de que gregos e romanos criaram, no século VIII a.C., máquinas cujo o intuito era realizar movimentos automatizados.

Em seguida, o autor foi responsável por direcionar o funcionamento dos robôs por meio das Quatro Leis da Robótica:

  • Lei 0: Um robô não pode causar mal à humanidade ou, por omissão, permitir que a humanidade sofra algum mal.
  • Lei 1: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
  • Lei 2: Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
  • Lei 3: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com as leis anteriores.

Apesar de serem frutos de livros de ficção, o conceito de robótica, suas regras e os debates éticos promovidos por Asimov contribuíram com a criação dos robôs que conhecemos hoje. Não é por acaso que seus textos fazem parte até hoje do estudo de engenheiros e legisladores especialistas na área.

Inclusive, em uma tese de doutorado publicada em 2016, Karen Stephanie Melo traduz uma citação sugestiva do autor Hugo Gernsback. Para ele, a ficção científica não se trata apenas de literatura, porque “contribui com o progresso do mundo de um modo que nenhum outro tipo de literatura faz”.

Dito isso, antes de prosseguir com a conceituação, é relevante esclarecer a diferença entre dois produtos desse campo que podem se confundir tanto na literatura quanto na ciência: a inteligência artificial e os próprios robôs.

O primeiro faz parte da robótica por ser uma tecnologia fundamental para o funcionamento de alguns robôs, porém não é exclusivo dessa esfera. O conceito, sugerido sem esse nome pelo matemático Alan Turing na década de 50, também é encontrado em diversas aplicações ligadas à internet e ao processamento de dados.

O segundo se trata de máquinas programadas para realizar atividades específicas de forma totalmente automatizada. O trabalho humano seria necessário em situações de programação, manutenção ou calibragem de dados, mas não durante a operação em si.

Isso exclui a possibilidade, por exemplo, de um computador ser igualado a um robô, visto que seu funcionamento depende da interação com um ser humano. Para ser incluída na robótica, a máquina precisa trabalhar de maneira independente nas atividades registradas em seu sistema operacional.

O Uso Empresarial da Robótica

Robótica nas Empresas
Foto: Unsplash

Adaptados à realização de trabalhos repetitivos e perigosos, os robôs foram adotados inicialmente pelos setores industrial e militar. A ideia era usá-los em escavações, resgates em locais perigosos, manipulação de materiais tóxicos, pesquisas espaciais, automatização de linhas de produção e outras atividades cujo alto retorno compensasse o investimento.

Com o avanço tecnológico e a eventual redução dos preços, essas máquinas alcançaram outros setores e ganharam novas aplicações. Hoje é possível que um robô participe da gestão diária de uma empresa, emitindo documentos ou controlando estoques a partir do cruzamento de dados.

Não é à toa que o setor cresceu 85% nos últimos cinco anos. Segundo o relatório divulgado pela Federação Internacional de Robótica em setembro de 2020, existem cerca de 2,7 milhões de robôs operando ao redor do mundo nesse momento.

Entretanto, é a utilização que transforma a robótica em um diferencial diante da concorrência. Por isso, o processo de adoção deve começar com a identificação dos usos que oferecem maior retorno, sejam eles baseados no desenvolvimento de modelos híbridos que reúnem humanos e máquinas ou na criação de processos inéditos.

Pensando nisso, nós reunimos alguns insights que podem ajudar na inclusão vantajosa e eficiente dos robôs em sua empresa:

Cobots

Apesar de 37% das pessoas compartilharem o medo de perder seu emprego para robôs, a crença de que a robótica elimina a participação do ser humano não passa de um erro comum.

A substituição de algumas atividades é recorrente nesse processo, entretanto não precisa ser encarada como um sinônimo de demissão. Principalmente quando falamos de cobots (robôs cujo funcionamento está atrelado à interação com pessoas) e modelos híbridos.

Nesse tipo de implementação, a proposta é mesclar as melhores características de humanos e robôs em um sistema colaborativo. Assim, homens e máquinas trabalham juntos em tarefas que dependem tanto do discernimento humano quanto da capacidade de repetição atrelada à robótica.

A consequência direta disso é o aumento da produtividade e da eficiência. Afinal de contas, os colaboradores humanos vão estar livres para dedicar seu tempo a atividades mais estratégicas, enquanto os cobots lidam com os afazeres pesados e repetitivos.

Além disso, a popularidade desse modelo tem crescido por conta de outros benefícios em relação aos robôs industriais. Entre eles, destacam-se o preço inferior, a facilidade de instalação, o baixo consumo de energia e a mobilidade entre células de trabalho.

Robótica nas Empresas
Foto: Unsplash

Automação de Processos

A automação de processos está no topo da lista de atividades básicas da robótica, porque diversos modelos – incluindo os mais simples – conseguem atuar na realização de tarefas simples de maneira ininterrupta e minuciosa.

Considerando que a maioria absoluta dos processos organizacionais possui etapas padronizadas que não exigem habilidades específicas, temos uma solução completa para a otimização do tempo.

Por meio da implementação de cobots ou de modelos independentes, as empresas conseguem simplificar linhas de produção, acelerar demandas de grande porte e reduzir falhas. Mudanças que refletem no tempo de resposta e na produtividade, aumentando a satisfação de funcionários e possíveis clientes. 

Precisão

Se existe uma vantagem da robótica que merece ser evidenciada, é a assertividade. Robôs desempenham as atividades pré-estabelecidas em suas programações de forma precisa e, por conta disso, são ótimas adições em setores que exigem atuações minuciosas.

Um dos melhores exemplos é a utilização de cobots no ambiente hospitalar. Nesse contexto, as máquinas são usadas como ferramentas por profissionais qualificados com o intuito de realizar procedimentos ou obter diagnósticos precisos.

Algo fundamental em setores em que uma falha, por menor que seja, pode gerar o desperdício de materiais ou colocar em risco a vida de um ser humano.

Não é por acaso que as indústrias automobilísticas aderiram massivamente à robótica. Por se tratar de uma esfera produtiva, composta por atividades desgastantes que envolvem um rígido controle de qualidade, ela se beneficia significativamente da atuação ágil e certeira das máquinas.

Gestão Empresarial

Atuando em conjunto com a inteligência artificial que domina as ferramentas de gestão, os robôs também assumem um papel essencial na esfera organizacional das empresas.

Essas máquinas – que não necessitam de estruturas robustas – atuam no âmbito digital, colaborando com o preenchimento de planilhas e relatórios fiscais, o monitoramento de dados e o gerenciamento de documentações.

Ações que, por sua vez, ajudam a manter os negócios adequados às legislações e diretrizes de cada segmento. Ao lado de princípios como transparência e responsabilidade, o resultado é uma administração mais eficaz e produtiva.

Robótica nas Empresas

Locomoção e Limpeza

Em alguns contextos, os robôs móveis são peças essenciais para empresas. Por meio deles, é possível reduzir custos com limpeza, deslocar colaboradores para tarefas que geram valor, otimizar a movimentação de produtos em centros de distribuição e até mesmo acelerar os processos de entrega.

Da mesma forma que acontece nos outros usos da robótica, a consequência dessa implementação é a diminuição dos gastos, o aumento da eficiência e o crescimento da produtividade. Resultados que acentuam a satisfação de todos, sejam eles gestores, sejam funcionários ou consumidores.  

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Tarefas Contínuas

Como já comentamos, outra vantagem da robótica é a possibilidade de adequar os sistemas ao funcionamento ininterrupto. Isso significa que o uso de robôs permite a realização das atividades designadas sem as pausas e desacelerações exigidas pelas leis trabalhistas.

Em linhas de produção que dependem da velocidade, essa solução minimiza as falhas e maximiza o tempo de produção, evitando o desperdício de recursos, aumentando a produtividade e expandindo a rentabilidade do seu negócio.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Deloitte em 2018, 95% das empresas que incluíram a robótica em seus processos superaram as expectativas iniciais em relação ao aumento da produtividade. O mesmo aconteceu com a maior parte das empresas quando as perguntas abordavam o retorno dos custos de implementação, o cumprimento de normas legais, a redução dos gastos e o acesso a informações.

Os Cuidados Necessários

A adoção da robótica em nível empresarial é mais que um reinvestimento de lucros. É uma decisão estratégica que interfere nos produtos e serviços, na infraestrutura dos locais de trabalho, no relacionamento entre colaboradores e em outros aspectos da organização.

Por isso, é importante tomar certos cuidados durante o planejamento para que os resultados sejam de fato positivos. Entre as centenas de particularidades que costumam surgir nesse cenário, separamos quatro ações que possuem papéis fundamentais no processo.

Agir sem Demora

Quando falamos de tecnologia e inovação, o tempo é um fator crucial. Levando em conta que a implementação de robôs é um processo longo, tomar essa decisão antes dos concorrentes oferece uma vantagem valiosa para a sua empresa.

Identificar as Áreas de Atuação

Sair na frente é importante, porém fazer isso de maneira sensata e planejada tem um peso equivalente. Em outras palavras: antes de dar qualquer passo, os gestores responsáveis devem analisar a situação do negócio e constatar os setores em que a robótica agregaria valor, reduziria custos ou aumentaria a produtividade.

Vale a pena prestar atenção em atividades perigosas, áreas que envolvam precisão ou velocidade, e cargos com altos salários, cuja função possa ser completamente executada por máquinas.  

Decidir como Realizar a Adoção

Uma das etapas que faz parte dessa fase de implementação dialoga com os modelos de robôs que serão utilizados. Nesse caso, sua empresa precisa decidir se vai comprar equipamentos que estão disponíveis para todos (incluindo os concorrentes diretos) ou investir em uma solução personalizada que se torne um diferencial a longo prazo.

Ainda que ambas opções dividam a maior parte das vantagens que citamos no decorrer deste artigo, a escolha tem sua importância por considerar as particularidades de cada negócio.

Desenvolver os Colaboradores

Para utilizar todo o potencial da robótica, é necessário aprimorar as habilidades dos seres humanos que estarão em contato com as máquinas. Isso inclui capacitar os funcionários para exercer suas novas funções, incluindo a instalação, a programação e a manutenção dos elementos robóticos.

No caminho oposto da substituição de colaboradores, a ideia é criar uma mão de obra especializada e eficiente que possa ser realocada dentro da própria empresa.


Falar sobre robótica de maneira palpável e realista pode ser complicado por conta dos conceitos disseminados pela cultura popular. No entanto, apesar das histórias fantasiosas que ocupam nossa mente, uma coisa é certa: as máquinas já estão impactando vários âmbitos da sociedade. E não vão parar por aqui.

É por isso que empresas – de todos os portes e categorias – precisam incluir robôs no seu dia a dia. É impossível evitar mudanças desse tamanho em um mundo onde as evoluções tecnológicas são contínuas e cada vez mais vantajosas.

No caso da robótica, os benefícios estão resumidamente relacionados ao aumento da qualidade de produtos, à flexibilidade dos equipamentos, ao aprimoramento da linha de produção, à redução de gastos, ao crescimento da produtividade, à segurança dos colaboradores e à possibilidade de analisar uma quantidade massiva de dados.

Esse conjunto de possibilidades tem potencial para influenciar a dinâmica empresarial como um todo. É provável, por exemplo, que os custos trabalhistas deixem de ser um fator decisivo, abrindo espaço para as empresas estabelecerem suas operações em qualquer lugar do mundo.

Um cenário que deve servir como alerta para o Brasil, visto que estamos significativamente atrasados em relação ao uso de robôs na indústria. Segundo dados da Federação Internacional de Robótica, o país possui aproximadamente 15.300 unidades em operação, enquanto países como Estados Unidos e Japão lideram o setor com índices dez vezes maiores.

Tal discrepância afasta investidores e freia o crescimento econômico de diversos setores, deixando claro que existe a necessidade de ampliar urgentemente o diálogo sobre robótica em salas de aula, universidades, ambientes corporativos e círculos políticos. Só assim seremos capazes de incentivar a adesão de novas tecnologias e criar uma nação alinhada com a realidade das próximas gerações.


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