Edifícios Inteligentes: Tecnologia a Serviço de Construções Sustentáveis
Conheça os edifícios inteligentes e as vantagens dessa nova tendência sustentável.
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Um grande estudo realizado nos anos 2000 pela National Human Activity Pattern Survey (NHAPS) revelou que, incluindo escolas, universidades, escritórios e residências, os seres humanos passam aproximadamente 90% das suas vidas em edifícios.
Por mais que esses dados sejam antigos, a realidade não parece ter mudado tanto. Considerando que, segundo o dicionário Michaelis, algumas casas também são classificadas como edifícios, parece justo dizer que a maior parte das instituições empresariais, educacionais ou residenciais continuam alocadas em construções desse tipo.
Hipoteticamente, a única coisa que pode ter acontecido é uma alteração no tempo de permanência em cada um dos ambientes, visto que a pandemia da covid-19 manteve as pessoas em suas próprias casas por um período maior, por exemplo.
Uma novidade que apenas comprova a importância de se investir, com a ajuda das novas tecnologias, em imóveis mais confortáveis, seguros e sustentáveis. Esses são os edifícios inteligentes.
O que são Edifícios Inteligentes?
Coincidindo com o aumento das preocupações ambientais, o conceito de edifícios inteligentes ganhou força em meados da década de 80, graças à popularização dos sistemas de ar-condicionado automatizados. Isso despertou a atenção de empresas que buscavam soluções para economizar energia, água e outros recursos básicos.
No entanto, atualmente, essa ideia ultrapassou a economia de energia e o diálogo com o desenvolvimento sustentável. A proposta é incorporar tecnologias de ponta na construção civil com o objetivo de aprimorar as condições de moradia, otimizando a performance por meio do processamento de dados em tempo real.
A integração das interfaces com a inteligência artificial ainda pode expandir a capacidade dos edifícios por meio da evolução contínua do sistema. Nesse caso, os dados funcionam como base para experiências que modificam as ações automatizadas do ambiente, criando espaços cada vez mais independentes e preparados para utilizar os recursos de forma sustentável.
Automação x Inteligência
A automação é encontrada em processos que funcionam de acordo com uma configuração específica. Um bom exemplo está no uso de sensores para acionar torneiras ou acender lâmpadas, realizando a ação contrária após uma ação ou um período temporal pré-determinado.
A utilização de soluções como essas, integradas a outras ferramentas, deu origem aos primeiros edifícios inteligentes. Ou edifícios automatizados, como eram conhecidos na época.
Entretanto, o avanço da tecnologia criou uma separação entre os dois conceitos. Hoje, é possível construir um ambiente totalmente controlado por sensores e técnicas de automação, porém, para ser classificado como inteligente, seu projeto tem que ir além.
Ele deve ter a capacidade de analisar dados e tomar decisões autônomas, criando um espaço eficiente e autossustentável. A automação está inserida nesse processo, mas ocupa um papel subordinado em relação à Internet das Coisas ou à inteligência artificial.
Edifícios Inteligentes e suas Vantagens
O objetivo principal de um edifício inteligente é oferecer economia, conforto e segurança aos seus habitantes, sejam eles moradores fixos ou funcionários.
Com a implementação de processos sustentáveis, é possível, por exemplo, universalizar as fontes renováveis e controlar o consumo de insumos, como água e energia elétrica. Ações que resultam na redução a curto prazo de custos básicos do nosso dia a dia.
Em meio a tantas atitudes que conectam tecnologia e sustentabilidade com esse propósito, um edifício também pode: automatizar a abertura de persianas e o desligamento de lâmpadas para aproveitar a luz natural; controlar a temperatura do ar-condicionado; construir jardins verticais que reduzem a temperatura ambiente; reaproveitar a água coletada no paisagismo; utilizar vidros que retenham menos calor.
Além de utilizar recursos com eficiência e reduzir gastos diários, essas possibilidades oferecem conforto e praticidade. Aliando tudo isso à integração do prédio com sistemas particulares, os ocupantes conseguem eliminar preocupações e dedicar mais tempo a tarefas produtivas.
Para completar, as informações geradas por essas conexões típicas da Internet das Coisas são transformadas em relatórios de desempenho e ajudam a solucionar problemas, monitorar equipamentos que necessitam de manutenção preventiva e garantir a segurança das pessoas que circulam por seus ambientes.
Dois exemplos simples são encontrados no controle de elevadores durante o deslocamento – evitando assim que as portas se abram em local indesejado – e no controle de incêndios. Em um cenário mais avançado, a inteligência artificial ainda pode aprender com os possíveis erros e socializar essa evolução com outros prédios integrados à rede.
Esse pacote de vantagens alimenta uma conjuntura em que os benefícios econômicos extrapolam a redução de contas mensais. Segundo um documento produzido pela Siemens Financial Services (SFS), os valores de ativos crescem em edifícios inteligentes. Isso significa que habitações ou escritórios que fazem bom uso da tecnologia costumam ser vendidos por valores 30% mais altos.
Edifícios com Certificação LEED
Quando usa a tecnologia a favor da sustentabilidade, um edifício inteligente é certificado com o selo LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental). A certificação, emitida pela U.S. Green Building Council (Conselho de Prédios Verdes dos EUA), tem o intuito de autenticar a qualidade e a eficiência de construções com propósitos sustentáveis.
Neste processo, um grupo multidisciplinar de profissionais fica responsável por avaliar os prédios que pleiteiam o certificado. De acordo com o número de pré-requisitos cumpridos, a obra pode ser classificada nas categorias Prata, Ouro ou Platina.
No Brasil, o principal exemplar de edifício inteligente é o Eldorado Business Tower, localizado em São Paulo.
Classificado com o selo Platinum, o edifício possui torneiras automatizadas em todas as áreas, descargas dual flush, que economizam água por liberarem apenas 1,5 litro em cada uso, um sistema que reutiliza água da chuva e do ar-condicionado na lavagem da garagem e elevadores com frenagem regenerativa que economizam até 37% de energia quando comparados aos modelos convencionais.
No mundo, um dos maiores edifícios com certificação LEED é o Taipei Financial Center, em Taiwan. Seus 101 andares são preenchidos por escritórios comerciais habilitados com sistemas sustentáveis que, conforme matéria da Exame, geram uma economia média de 700 mil dólares por ano.
Saiba mais sobre a certificação LEED e os prédios certificados no Brasil
O Futuro da Tendência
Parece coisa de ficção científica, mas a tendência é que a maioria absoluta dos seres humanos tenham vontade de viver ou trabalhar em edifícios inteligentes. Afinal, não é fácil resistir ao conforto e à segurança proporcionados pela integração de tecnologias e pela inteligência artificial.
Levando em conta que essas construções ainda se conectam com todos os pilares da sustentabilidade, os investimentos na área possuem um potencial de crescimento significativo.
A SYNNEX Westcon sugeriu, por meio de uma pesquisa realizada pela IDC Energy Insights, que os gastos com tecnologia em construções inteligentes haviam crescido em torno de 22,6% até 2019, chegando a marca de 17 bilhões de dólares.
Um valor que caminha para alcançar os 36 bilhões que seriam gastos até o final de 2020, segundo a previsão feita pelo Zion Market Research. Por mais que os verdadeiros valores do último ano não tenham sido revelados, podemos confirmar que se trata de um mercado em expansão.Tudo graças aos avanços tecnológicos e demanda por processos que ajudem na construção de um futuro marcado pela preservação ambiental e pela qualidade de vida dos seres humanos.
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