Conheça os detalhes da economia de recorrência e descubra como as assinaturas periódicas farão parte da sociedade nas próximas décadas.

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Nos últimos anos, aprimorar a experiência se tornou o investimento mais importante de um negócio. Os consumidores atuais são antenados, interessados em ações simplificadas, ansiosos pelo desenvolvimento de relacionamentos duradouros com a marca e preparados para abrir mão da posse na esperança de garantir uma união positiva.

Uma decisão que, não por acaso, dialoga bastante com a economia circular, a economia compartilhada e outros modelos econômicos que ganharam espaço na era digital. Todas elas possuem uma base sustentável e buscam soluções para a compra propriamente dita, trabalhando com a possibilidade de dividirmos ou acessarmos de maneira distinta uma série de produtos e serviços.

A Microsoft, por exemplo, trabalhou por muito tempo com a venda de mídia física com os seus softwares, mas se reinventou quando percebeu que teria um lucro significativamente maior com assinaturas. Com isso, substituíram os discos vendidos em lojas de informática por uma licença renovada por planos mensais.

Essa é a base da economia de recorrência, um modelo de negócio que tem potencial para transformar as relações comerciais no presente e no futuro. Tanto que, há quase três anos, a Gartner sugeriu que 80% das empresas ligadas à tecnologia iriam operar dessa forma.

Mas o que é Economia de Recorrência?

Como o próprio nome sugere, a economia de recorrência é um modelo de negócio que oferece produtos e serviços de forma recorrente, realizando a cobrança por meio de mensalidades ou planos de assinaturas.

A ideia é justamente comercializar o acesso regular a esse produto ou serviço em vez de vendê-lo uma única vez. Por isso, alguns especialistas, como o sociólogo Jeremy Rifkin (autor do livro A Era do Acesso: a Nova Cultura do Hipercapitalismo), defendem uma mudança de paradigmas em relação à posse da propriedade física.

No entanto, existe um detalhe que merece ser destacado: quando se trata de serviços, softwares e outros bens intangíveis, é fácil entender o funcionamento dessa proposta; entretanto, quando falamos de artigos físicos, como livros, tende a ser estranho adquirir apenas o acesso a eles.

Economia de Recorrência

Nesse caso, a maioria das empresas associa o produto a um serviço específico, como a curadoria de títulos especiais. Em outras palavras, você não está comprando o livro e sim o acesso ao trabalho de profissionais especializados na escolha de artigos físicos para o consumidor.

Isso ajuda a economia de recorrência a se libertar do que parecia ser um modelo restrito às empresas de tecnologia. As assinaturas podem ser utilizadas por qualquer negócio escalável e com grande potencial de consumo, que tenha capacidade de fortalecer seu setor digital para oferecer uma experiência positiva com o intuito de fidelizar o consumidor.

Afinal de contas, segundo o manifesto organizado pela Vindi, essas empresas precisam estar atentas a algumas regras que garantem o sucesso de negócios recorrentes. Entre elas, destaca-se a simplicidade no processo de adesão e cancelamento, um nível de transparência que elimine a complexidade dos contratos e a garantia de comodidade.

As Possibilidades da Economia de Recorrência

A economia de recorrência não pode ser classificada como uma tendência nova, visto que a proposta já faz parte da nossa vida há bastante tempo. É possível pensar em aluguéis de imóveis, assinaturas de jornais e até mesmo nos americanos que pagavam mensalmente pelo privilégio de receber leite na porta de casa.

Ainda assim, a era digital permitiu que as assinaturas ganhassem força e ampliassem seus horizontes como modelo de negócio. Não é à toa que as pesquisas por termos relacionados a “carros por assinatura” saltaram de 7,7 milhões entre abril e maio de 2020 para 12 milhões no mesmo período deste ano.

Novas oportunidades que encontram seu espaço em um mercado que não parou de crescer desde a explosão de popularidade das redes sociais. De acordo com um relatório publicado pela Zuora, a criação de serviços recorrentes aumentou cerca de 350% entre 2012 e 2019 no mercado americano. Já no Brasil, esse cenário passou por um crescimento de 167% entre 2014 e 2018.

Economia de Recorrência

Tecnologia

Seguindo o mesmo caminho da Microsoft, dos jogos de videogames e de outras empresas que lideram o mercado de tecnologia, a Adobe também substituiu a comercialização de mídias físicas com seus programas por uma assinatura integrada.

Conforme uma matéria produzida em 2019 pela Exame, a empresa possuía uma receita de 3,4 bilhões de dólares na época. Quando trocou o modelo de negócio, ela aumentou o número de usuários e alcançou uma receita de aproximadamente 140 bilhões de dólares.

Economia de Recorrência

Streaming

Em alguns casos, os serviços de streaming foram defendidos como soluções contra a pirataria por facilitar e agilizar o acesso a grandes lançamentos mundiais. Em outros, a mudança para um modelo recorrente foi encarada como uma reinvenção fundamental para a era digital.

Ainda que não exista uma única versão para essa história, a junção entre esses dois cenários é um ótimo exemplo das vantagens oferecidas pela economia de recorrência. A ideia de oferecer acesso ilimitado em plataformas com conteúdos diversos por um valor mensal transformou o mercado e colocou empresas como Netflix, Amazon, YouTube e Spotify na lista das marcas mais lembradas do mundo.

Jornais, Revistas e Livros

Tal qual o entretenimento, o mercado editorial também passou por algumas crises durante o fortalecimento da era digital. Segundo a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), mais de quinze veículos foram fechados por falência durante o ano de 2016.

Uma das alternativas foi acompanhar as evoluções e revitalizar os modelos de assinatura que já eram utilizados normalmente por jornais e revistas. Com a opção de cobrar mensalmente pelo acesso ao conteúdo digital, alguns veículos conseguiram economizar em custos de produção e lucrar com o crescimento do número de usuários.

Ao mesmo tempo, diversas startups começaram a investir em clubes de assinatura que selecionam obras literárias de acordo com o gosto do consumidor. Esse modelo conquistou um público específico e fez com que companhias como a TAG Livros ganhassem cada vez mais espaço no cenário cultural.

Energia por Assinatura

Serviços

A economia de recorrência também é uma ótima opção para empresas que trabalham com a prestação de serviços. O setor telefônico tende a ser um bom exemplo dessa abordagem, porém as perspectivas são amplas para quem tem criatividade.

Só precisamos lembrar das marcas que trabalham com a liberação de estacionamentos e pedágios, com a locação de purificadores de água por meio de mensalidades fixas ou com a possibilidade de trocar sua energia por opções mais baratas e sustentáveis pelo aluguel de cotas solares

Inclusive, essa última ideia tem aumentado sua popularidade no Canadá, na Europa e em alguns estados brasileiros. Você escolhe a sua fornecedora de energia, diminui os custos com energia e ajuda o planeta a ter um futuro sustentável. 

As Vantagens desse Modelo

Além de estar alinhada com os anseios do consumidor atual, a economia de recorrência oferece alguns benefícios valiosos para os dois lados.

Para a Empresa

Maior controle financeiro: um sistema de assinaturas facilita as cobranças, reduz a inadimplência e garante que a receita total seja antecipada com menos riscos;

Redução dos custos: ainda que seja necessário investir continuamente na experiência do cliente para manter a fidelização, manter um consumidor é mais barato do que conquistar outros dispostos a realizar compras únicas;

Fortalecimento dos relacionamentos: a empresa tem que se dedicar para entregar a comodidade prometida para todos os consumidores, mas esse é um investimento que tem como retorno a chance de aprimorar as relações e aumentar o ticket médio por meio de outros serviços;

Mais dados para análise: ao investir em uma plataforma de relacionamento para o cliente, os negócios recorrentes podem usar os dados sobre interação para melhorar as experiências e crescer;

Maior lucro: as vantagens oferecidas pelos pagamentos recorrentes, pela fidelização e pela riqueza de dados possibilitam que as empresas focadas na economia de recorrência apresentem receitas consideravelmente maiores do que as empresas tradicionais.

Economia de Recorrência

Para o Consumidor

Mais liberdade: é possível escolher, trocar ou cancelar com facilidade, permitindo até mesmo que o cliente intercale os serviços para acessar outras plataformas sem prejudicar suas economias mensais;

Preços reduzidos: o fato de os serviços recorrentes custarem menos do que as compras únicas também favorece o acesso sem afetar os orçamentos pessoais;

Experiências positivas: a necessidade de manter a fidelização faz com que a empresa invista em atendimentos mais eficientes e melhorias constantes sem cobrar valores extras;

Comodidade total: não existe nada melhor do que receber algo que faz parte do seu dia a dia sem se preocupar com sites de busca, novas compras ou serviços de frete.  


A possibilidade de marcas e pessoas dividirem benefícios similares em um sistema “ganha-ganha” ajuda a explicar o sucesso das assinaturas recorrentes em diversos setores. E não poderia ser diferente, afinal estamos falando de um modelo em que a empresa não para de vender para um cliente que está satisfeito com a ausência de preocupações.

No entanto, outros fatores também influenciam no crescimento dessa disseminação, começando pela facilidade de adaptação dos sistemas. Como exemplificamos no texto, marcas de diversos nichos conseguem explorar os planos mensais com eficiência.

Tanto a construção de um projeto novo quanto a transição para um modelo recorrente exigem investimentos em tecnologia e experiência do consumidor. No entanto, em contrapartida, isso garante que a marca esteja alinhada às inovações tecnológicas e às constantes mudanças no perfil de consumo da sociedade, mantendo-se fortalecida perante a concorrência.


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