Fique por dentro do capitalismo consciente e dos pilares que reúnem lucro e bem-estar em prol de um futuro humanizado.

Tempo de leitura: 5 minutos.

Nas últimas décadas, o aumento significativo dos problemas causados pela miséria e pelo acúmulo de gases poluentes fez com que diversos setores da sociedade prestassem mais atenção em questões de cunho ambiental e social. Um movimento que inclui, além de políticos e cientistas especializados no assunto, vários líderes da iniciativa privada.

Durante sua atuação como secretário-geral da ONU, Kofi Annan deixou claro que não seria possível solucionar qualquer problema desse tipo sem a participação ativa do setor empresarial. Tanto que a criação do Pacto Global, nos anos 2000, tem como objetivo definir e fortalecer os princípios que regem a relação entre as grandes empresas e o planeta Terra.

A necessidade de interligar o crescimento econômico das empresas com a sustentabilidade das comunidades onde elas estão inseridas incentivou a união entre o capitalismo e a consciência socioambiental.

Uma dicotomia que escancara a importância de nos aprofundarmos com frequência nas características e nos pilares que formam o capitalismo consciente.

O que é o Capitalismo Consciente?

O capitalismo consciente pode ser definido como um modelo socioeconômico movido por ações empresariais que geram impacto positivo na sociedade.

Nesse cenário, os objetivos de uma organização não se restringem apenas ao lucro. Ele continua tendo um papel decisivo na sobrevivência do negócio, porém divide espaço com propósitos ligados à geração de valor em âmbitos ecológicos, sociais, culturais e até mesmo emocionais.

Isso significa que as empresas devem refletir sobre os impactos do capitalismo tradicional no planeta, compreender o seu potencial de transformação e tentar contribuir ativamente com o desenvolvimento humano em suas ações e decisões. O crescimento econômico passa a ser uma consequência direta desse processo.

Integrando as vantagens do capitalismo, o avanço pessoal e os impactos socioambientais, o site do Conscious Capitalism Institute oferece uma síntese eficiente quando define o capitalismo consciente como “uma maneira de pensar […] que reflita sobre onde estamos na jornada humana, o estado de nosso mundo hoje e o potencial inato dos negócios para causar um impacto positivo no mundo”.

Equipe de Trabalho

Os Quatro Princípios do Capitalismo Consciente

A maior parte das práticas atreladas ao capitalismo consciente não pode ser classificada como novidade. Segundo o professor Marcos Augusto de Vasconcellos, coordenador-geral do Fórum de Inovação da FGV/EAESP, na Idade Média já existiam organizações que se preocupavam com o bem-estar da sociedade.

No entanto, a criação do termo está atrelada ao lançamento do livro “Empresas Humanizadas”, escrito por Raj Sisodia, David B. Wolfe e Jag Sheth em 2003. Mais tarde, em 2009, o mesmo Raj Sisodia expandiu o conceito no livro Capitalismo Consciente.

É nessa publicação, realizada em parceria com John Mackey, que ele apresenta os quatro princípios do capitalismo consciente.

Propósito Maior

Para estar inserida no capitalismo consciente, uma empresa deve fazer mais do que apenas ganhar dinheiro. Ou seja, tem que ser movida por um propósito maior e verdadeiro.

Esse princípio influencia tanto na geração de impactos positivos, quanto no engajamento de colaboradores e possíveis clientes. Organizações motivadas por missões que contribuem com o mundo costumam ter mais facilidade na hora de manter todas as partes motivadas e inspiradas.

Orientação dos Stakeholders

Uma empresa consciente presta atenção e valoriza todos que estão envolvidos no negócio, incluindo acionistas, colaboradores de diversos tipos e a comunidade onde está inserida.

Essa atitude, que também é parte fundamental do ESG, ajuda a criar um ambiente de trabalho motivador, integrado e saudável. Mas não só isso, afinal, ser um empreendimento sólido, confiável e transparente também agrega valor ao trabalho e contribui com o retorno financeiro.

Liderança Capitalismo Consciente

Liderança Consciente

Um líder é responsável por motivar colaboradores, direcionar decisões e dar o exemplo com suas próprias atitudes. Logo, uma empresa consciente precisa de uma liderança autêntica e consciente para colocar seus propósitos socioambientais em prática.

Com isso, é possível acionar o que cada uma das partes têm de melhor, promover mudanças positivas em todos os setores, atrair investidores engajados e agregar valor para a companhia em sua totalidade.

Cultura Consciente

A criação e o desenvolvimento de uma cultura consciente garantem que a organização cresça de forma estável, preparada para alcançar objetivos econômicos e colocar ações positivas em prática.

Considerando que o capitalismo consciente gira em torno da construção de relacionamentos baseados em valores como igualdade, respeito, confiança e responsabilidade, esse princípio assume um papel essencial ao elaborar um ambiente propício tanto para a cooperação entre as partes envolvidas, quanto para a tomada de decisões alinhadas aos valores da empresa.


Para se aprofundar no universo do capitalismo consciente, indicamos três links:

– O artigo “Conscious Capitalism” Is Not an Oxymoron, escrito por John Mackey e Raj Sisodia para a Harvard Business Review.

A palestra realizada por Raj Sisodia no TEDx .

A palestra realizada pelo brasileiro Thomas Eckschmidt no TEDx.


Qual é a Importância desse Modelo?

Assim como Kofi Annan, o economista Jeffrey Sachs declara no livro “O Fim da Pobreza” que a extinção da miséria em nível mundial depende da participação humanitária da iniciativa privada. Portanto, o capitalismo consciente surge como uma possível solução para diversos problemas socioambientais.

Capitalismo Consciente

As bases desse modelo estão enraizadas na construção de um mundo mais humano, incentivando o desenvolvimento de negócios que consigam melhorar a sociedade ao mesmo tempo em que acumulam lucro. E a melhor parte é que a sua aplicação permite que os impactos positivos se multipliquem e abram novas oportunidades de negócios baseados nesse modelo.

Em outras palavras, o capitalismo consciente gera valor para todas as partes envolvidas. Segundo Sérgio Guerra, CEO da SG Aprendizagem Corporativa, essa prática melhora a autoestima da comunidade com seu poder de inclusão e sentido de pertinência.

Além disso, ser uma empresa consciente é um bom negócio. De acordo com um artigo publicado em 2013 na Harvard Business Review, essas instituições têm uma performance 10 vezes melhor graças principalmente às relações sólidas que constroem com seus stakeholders.

É verdade que implementar essas atitudes no centro das decisões exige um investimento considerável, porém essas organizações recebem muito mais em troca. Elas atraem os melhores profissionais, mantém colaboradores leais e motivados, são bem-vindas em qualquer comunidade e atraem um número cada vez maior de consumidores preocupados com os impactos de suas atitudes.


Quer conhecer outros modelos socioeconômicos que vão influenciar o nosso futuro? Acesse o Blog e mergulhe nesse universo em que sustentabilidade e lucro dividem o mesmo espaço. 

Escolha a Bulbe e
comece a economizar.