Saiba tudo sobre o biogás, uma peça importante na diversificação da matriz energética brasileira.

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Nos últimos anos, o país foi dominado por questões, como o encarecimento contínuo da eletricidade e a busca urgente por soluções descarbonizadas, que escancaram a necessidade de diversificar a matriz energética.

Apesar dos aspectos negativos descritos por especialistas, a produção de energia a partir da biomassa se fortaleceu nesse contexto. Um crescimento que, consequentemente, também influenciou os diálogos sobre um subproduto bastante lucrativo: o biogás.

Tanto que a multiplicação de processos envolvendo biocombustíveis – principalmente em zonas rurais – foi apontada por diversos veículos midiáticos. Uma reportagem do Globo Rural, por exemplo, indicou que a energia gerada por meio de biodigestores aumentou 23% entre 2020 e 2021.

O que é o Biogás?

O biogás é um dos subprodutos que se formam após a decomposição da matéria orgânica de origem vegetal ou animal em um espaço sem a presença de oxigênio.

Em outras palavras, a “digestão” da biomassa – composta por fezes de animais, restos de vegetais e até mesmo lodo proveniente do esgoto – é realizada por bactérias e outras espécies de microrganismos. Elas quebram as moléculas, criando uma mistura de gases, energia térmica e resíduos sólidos que podem ser utilizados como adubo natural.

Realizado em biodigestores que oferecem o ambiente ideal para a decomposição anaeróbia, esse procedimento é inspirado em um processo natural que acontece em mares, lagos e pântanos. Inclusive, foi a observação das regiões pantanosas que serviu como ponto de partida para as pesquisas científicas sobre o assunto.

Inicialmente, a fermentação era usada na destruição das matérias orgânicas presentes no esgoto. Os gases gerados durante esse processo, por sua vez, eram empregados na iluminação das cidades.

Com a evolução tecnológica, o biogás ganhou nome, novos meios de produção e novas utilidades. Hoje, é um combustível renovável, que diminui os custos de energia ao mesmo tempo em que contribui com a eliminação de resíduos cujo acúmulo prejudicaria a natureza.

Biogás

A História do Biogás

A composição básica do biogás foi estudada pela primeira vez no século XVII, por volta de 1660. No entanto, os cientistas precisaram de aproximadamente um século para compreender que se tratava do mesmo material expelido, de forma natural, nos pântanos.

No século XIX, Louis Pasteur fermentou, ao lado de alguns alunos, uma mistura de estrume e água. Quando apresentou os resultados, sugeriu que o processo poderia ser usado como fonte de energia devido à presença do metano, um elemento com alto poder calorífico.

A primeira coleta documentada de biogás ocorreu em uma estação de tratamento de esgotos na Inglaterra no ano de 1895. O desenvolvimento desses estudos aconteceu nas décadas seguintes, passando por diversos países asiáticos que foram colonizados pelos ingleses.

As primeiras versões dos biodigestores foram instaladas na Índia e na China no começo do século XX. Mais tarde, na década de 60, a digestão anaeróbia voltou aos laboratórios, aumentando a compreensão em torno do processo e da evolução dos equipamentos.

Um fator determinante para o crescimento desse combustível durante a crise do petróleo. “A necessidade de garantir o suprimento básico de energia tornou-se questão de soberania nacional” (FERRER, 2006), obrigando muitos países a criar programas focados no biogás.

Por mais que os derivados do petróleo reassumissem o protagonismo após o fim da crise, as evoluções alcançadas no período permaneceram e ajudaram tanto no aprimoramento dos processos quanto no aumento da capacidade energética dos subprodutos.

Biogás

As Vantagens do Biogás

A composição do biogás depende tanto do tipo de biomassa utilizada quanto do tratamento realizado antes da decomposição, porém a mistura gasosa liberada no fim do processo é, geralmente, constituída por metano, dióxido de carbono e traços de hidrogênio, nitrogênio, oxigênio e gás sulfídrico.

Entre esses gases, o elemento que mais contribui com a eficiência energética do biogás é o metano. Ele é o responsável por conservar a energia química e possibilitar o aproveitamento desse subproduto na produção de energia elétrica ou combustível veicular.

Isso significa que os biodigestores transformam um resíduo passivo que prejudicaria o meio ambiente de diversas maneiras em um ativo energético que pode ser utilizado na mobilidade urbana, na iluminação pública, no aquecimento de casas e na alimentação de equipamentos domésticos.

Um aspecto que, além de ser a principal vantagem que cerca o biogás, também está atrelado ao crescimento de sua implantação em zonas rurais. A instalação de biodigestores permite que os produtores reduzam os custos com eletricidade enquanto melhoram a gestão dos resíduos de origem animal e vegetal.

Com o aumento do investimento em agronegócio, a quantidade desses resíduos cresce e se torna um problema que a produção de biogás consegue resolver. O bônus é o aumento da competitividade dos produtores envolvidos, visto que o dinheiro economizado tende a ser revertido na contratação de profissionais qualificados ou na compra de equipamentos modernos.

Além disso, o biogás oferece segurança energética para quem vive em regiões afastadas. Caso a distribuição de eletricidade seja afetada, por exemplo, pelas condições climáticas, as propriedades que geram energia a partir do seu material orgânico terão estabilidade suficiente para manter o funcionamento da linha de produção.

Ainda que o investimento necessário para alcançar esses objetivos seja alto, o retorno é rápido. Isso acontece por conta da redução significativa dos gastos e da possibilidade de extrapolar o autoconsumo, ampliando a receita por meio da injeção dos excedentes na rede elétrica.

Uma reportagem do Globo Rural apresentou exemplos de produtores rurais do Paraná que estão ganhando dinheiro com os biodigestores. Uma das granjas citadas utiliza as fezes dos porcos como matéria-prima de um sistema com capacidade para abastecer 170 residências.

Biogás
Posto de Biogás na Finlândia

Uma Desvantagem Ambiental?

A queima da biomassa é um exemplo de fonte renovável que não deve ser classificada como limpa, uma vez que o processo contribui com a emissão de carbono na atmosfera e prejudica a saúde dos habitantes da região. Entretanto, a decomposição realizada nos biodigestores se trata de um procedimento diferente.

A combinação entre metano e dióxido de carbono contribui, de fato, para o efeito estufa, mas a produção do biogás exige que esse material orgânico seja tratado antes da decomposição. Os tanques revestidos por lona e concreto são preparados para reduzir essa emissão de gases poluentes.

A liberação de tal combinação na atmosfera acontece com mais frequência quando os dejetos são depositados em aterros sanitários. Portanto, graças ao avanço tecnológico, a produção de biogás tem potencial para gerar energia enquanto soluciona um dos maiores problemas ambientais dos centros urbanos.


A Associação Brasileira do Biogás (Abiogás) projetou, em parceria com a Agência Internacional de Energia (AIE), um crescimento de 40% na “oferta de matérias-primas para a produção de biogás e biometano mundialmente até 2040.

Ou seja: o aumento da quantidade de resíduos sólidos seria uma oportunidade para ampliar a produção mundial de biocombustíveis. De acordo com o estudo, se todos os aterros sanitários tivessem biodigestores, o biogás corresponderia a 8% de toda a eletricidade produzida no mundo.

No Brasil, a larga participação da agroindústria na economia permite que esse crescimento seja realmente significativo. A implantação conjunta desses equipamentos em fazendas e aterros sanitários conseguiria transformar a nossa matriz energética, garantindo que as próximas gerações tenham acesso a uma eletricidade mais limpa e barata.


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